Para uma melhor experiência neste site, utilize um navegador mais moderno. Clique nas opções abaixo para ir à página de download
Indicamos essas 4 opções:

Ok, estou ciente e quero continuar usando um navegador inferior.
Converse conosco por Whatsapp!
+55 48 99138-5496

A dança como esporte

  • 25 de out, 2019

A dança é uma das expressões da arte, todos sabem. Mas, lá em meado dos anos noventa do século passado quando eu fui, ainda estudante, ao meu primeiro congresso de Medicina do Esporte, ela saltou aos olhos. Havia na programação científica pelo menos duas mesas discutindo a dança nos seus aspectos esportivos, desde a formação da motricidade infantil até as graves lesões de bailarinos e bailarinas de alto nível. 

No último mês, eu tive a oportunidade de assistir dois dos melhores grupos de dança do país ao passarem pelo sul do Brasil em turnê. O Grupo Corpo, dos irmãos Pederneiras de Belo Horizonte, e a Cia de Dança Deborah Colker do Rio de Janeiro. Apesar de já ter visto o Grupo Corpo noutras oportunidades, este último balé quebrava alguns paradigmas da dança ao trazer para o palco a expressão das culturas religiosas africanas. Entretanto, neste fim-de-semana eu assisti uma revolução artística. A coreógrafa Débora Colker juntou-se ao cineasta Cláudio Assis, do excelente filme “Amarelo Manga”, criando um filme-dança onde, através de cenografia e coreografia, imagem e balé se fundem através da música em um conteúdo só, na interpretação de “Cão sem Plumas” do grande poeta João Cabral de Melo Neto. 

O canal Arte1 tem passado uma série, chamada “Work in Progress” sobre a formação do Balé da Cidade de São Paulo para esta temporada. Em um dos episódios, os primeiros minutos se desenvolveram a partir do departamento de fisioterapia e reabilitação do balé, com o relato dos bailarinos sobre as lesões que os acometem, ou que já os acometeram. Foi um festival ortopédico de lesões. Quadril, joelhos e, especialmente, pés que refletem exatamente o alto grau de exigência física que se estabelece nessas perfomances de alto nível. Nada diferente de qualquer outra modalidade esportiva, porém não há dúvida que é na dança onde o esporte mais se aproxima da arte. É ali no palco, onde a expressividade do corpo se funde com ela.

O impacto do instante de um balé desses ao se assistir é tão intenso, que ao fim só resta o registro do início e do fim(quando resta), como afirma o coreógrafo espanhol do Balé da Cidade. O resto é pura percepção e reflexão como só a arte pode proporcionar ao ser. Um espetáculo de dança é um flutuar através da música por corpos esculpidos, como um Davi de Michelângelo, pelo esforço exaustivo e repetitivo dos ensaios, em busca da perfeição.

No fim… a dança tratada como esporte é sempre arte. 

Compartilhe:
  • Posts recentes